• Fiar a escrita

    o livro produzido pela turma da oficina fiar a escrita

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    o instante da cardação

    vídeo de nina veiga rente as forças que habitam o antes do fiar

  • a arte manual do escrever em uma oficina de fiação artesanal.

    Exercícios e experimentações para a criatividade nas escritas literárias, acadêmicas, jornalísticas

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    motivo

    a potência do bom encontro

    A oficina se propõe trabalhar com as técnicas artífices da fiação manual, agenciadas a exercícios goetheanísticos de escrita para a composição literária, acadêmica e/ou jornalística de textos. A metodologia empregada na oficina pretende acentuar o caráter vivencial da experiência da fiação e da escrita.

     

    “Eis porque Nietzsche não acredita em grandes acontecimentos ruidosos, mas na pluralidade silenciosa de sentidos de cada acontecimento”. (Deleuze)

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    tema

    o dispositivo é a rede

    O projeto de extensão proposto, Fiar a escrita: a arte manual do escrever em uma oficina de fiação artesanal. Exercícios e experimentações para a criatividade nas escritas literárias, acadêmicas, jornalísticas visa à construção de dispositivos, conceito pensado junto a Foucault (1979/2007), como um conjunto heterogêneo que pode englobar variados discursos e ações. O dispositivo-oficina quer possibilitar a visualização das forças que se atravessam e configuram uma oficina de fiação manual quando agenciada a exercícios de escrita inventiva. A escrita, nesta perspectiva, é pensada como arte-manual, um fazer artesanal de corpo, operada em uma dinâmica oficineira artífice. Uma escrita que se apresenta aberta ao intempestivo, acentuando a expressividade do escrever.

    “[...] O dispositivo é a rede que se pode estabelecer entre esses elementos” (FOUCAULT, 2007, p. 244).

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    duração

    a duração do durante

    Durante os encontros, os participantes da oficina produzirão cadernos, chamados aqui de cadernos de artífice. Esses, a exemplo dos livros do artista, funcionam como um dispositivo dentro de um dispositivo, no qual se estabelece um conjunto multilinear de imbricadas relações. Os cadernos criam condições concretas para a prática da cartografia, através da materialidade do movimento-função de referência, entendido como modo de funcionar ou fazer funcionar uma ligação. Nos cadernos, as linhas escritas indicam os modos de ver e de dizer, permitindo tornar visíveis os regimes de enunciação e de subjetivação. Sua escrita é atravessada por uma multiplicidade de vozes: anotações de técnicas e procedimentos de fiação e de escrita, observações sobre os processos vivenciados, fragmentos de falas circundantes, memórias, sensações, vontades, pensares.Metodologia sistematizada por Katrup (2009), a partir de Deleuze e Guattari (1996/2010), que, quando aplicada à escrita, favorece dar voz ao acompanhamento dos processos e à experimentação.

    “[...] o dispositivo exige ligações sempre locais, encarnadas/encharcadas de materialidade” (KASTRUP; BARROS, 2009, p. 81).

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    fenômeno

    a prática de uma observação fenomenológica goetheanística

    A partir dos conceitos e propostas de Rudolf Steiner (1861-1925), para a prática de uma observação fenomenológica goetheanística, as cartografias impressas nos cadernos pretendem fazer ver um modo de constituição de si e do mundo que inspire o olhar e promova a possibilidade de constituição de um estilo próprio e singular.

    Junto à redação dos cadernos, acontecem exercícios de fiação artesanal que se pretendem facilitadores na composição literária, acadêmica e/ou jornalística de textos pela interposição de campos díspares. O entendimento da escrita como fazer manual se dá a partir da sua aproximação a um fazer ancestral que não se presta à representação. Assim como na escrita, diante das demandas do escrever, na fiação, o aprendiz se vê diante da matéria-bruta. Seu trabalho se realiza diretamente entre o corpo e o material: fibras naturais, cardas e fusos. Porém, diferentemente de outros materiais que também colocam o corpo-aprendiz em contato com a matéria-bruta, a fiação não se presta à representação, à figuração. Na fiação, não há como modelar uma forma figurada ou fazer um desenho riscado, como se faz, por exemplo, com argila ou tinta. O que se apresenta em um fio é o movimento do corpo do aprendiz, sua habilidade, sua plasticidade em ação, nada mais. Poderia-se dizer que a fiação desnuda o artífice e torna visível, materialmente, o corpo-fazedor. A oficina abre a possibilidade de contaminar o fazer escritural com as qualidades plásticas da fiação, procedimento estético importante para a composição de uma escrita intensiva.

    A observação fenomenológica, sistematizada por Rudolf Steiner, a partir do conceito de metamorfose em Goethe (1749-1832), é uma metodologia que permite a percepção das forças que atravessam e atuam em determinado acontecimento ou ser. Os exercícios favorecem a plasticidade do pensamento e promovem a ativação do artístico e sua expressão, através da cartografia das dinâmicas que constituem o si e o mundo.

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    metá-hódos

    o caminho se faz ao caminhar

    A metodologia empregada na atividade de fiação pretende acentuar o caráter vivencial da experiência, possibilitando o contato com a técnica da fiação em sua evolução linear no tempo. Em simultâneo, promove a abertura a outros tempos, o tempo da memória, o tempo da intensidade, o tempo eterno do instante, experiências acrônicas que se dão junto ao corpo-fazedor e seus processos de subjetivação. A prática metodológica da fiação visa contaminar os exercícios de escrita, permitindo ao participante fazer do escrever um modo de existir-corpo-fazedor.