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Viver o Advento

como exercício de futurização

Texto e oficinas de Nina Veiga*

Estamos vivendo uma carência de futuro. Por isso, pequenos rituais, como o que fazemos na época do Advento são tão importantes. A mistura de repetição e confiança no futuro amplia a capacidade da alma de se conectar com o que "há de vir" de modo positivo.

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A época do Advento é especialmente feliz para mim. Adoro tudo que se refere às tradições natalinas. Entre elas, uma que gosto de fazer quando se tem crianças pequenas é o calendário de Advento. Pode ser de cartolina, com caixinhas de fósforo ou casca de nozes, o importante é que tenhamos uma marca para cada dia que antecede ao Natal.

No caso da cartolina, fazemos um desenho nos domingos de Advento, na véspera e dia de Natal, no ano novo e no Dia de Reis. Depois, junto com a criança, vamos desenhando cenas do dia a dia em cada um dos quadradinhos até que chegue o dia tão esperado por elas.

O efeito é genial. Com as caixinhas ou cascas de nozes, podemos colocar um presentinho dentro e pendurá-las pregadas em fitas e, a cada dia, abrir uma delas até a chegada do Natal ou o Dia de Reis.

Se tem uma época do ano que eu gosto muito é essa: o Advento. Adoro essas quatro semanas que antecedem ao Natal. Adoro também depois, da chegada do novo ano até o Dia de Reis.

Cada dia dessa época é repleto de tradição e fantasia. São as cartas ao Papai Noel, as velas acesas uma a uma na Coroa do Avento, as luzes da árvore de Natal piscando. Simplesmente, adoro. Gosto muito de tradições repetidas ano a ano.

Gosto de abrir as caixas onde os enfeites de Natal são guardados e olhá-los com um misto de nostalgia e novidade. Parece que as lembranças dos natais anteriores também ficam nas caixas, esperando para que sejam abertas novamente.

Além disso, a cada ano, compramos mais um enfeite, mais um detalhe que se junta àqueles colecionados por toda a vida. Outra coisa que emociona e encanta é a coleção dos cartões. Aqui em casa, eles são guardados junto com os enfeites e vão aumentando com o passar dos anos.

Hoje em dia, são poucas as pessoas que ainda conservam o hábito do cartão de papel com escrita e assinatura à tinta. A maioria prefere os cartões digitais enviados por e-mail, mas não é a mesma coisa. O cartão de papel, entregue pelo correio, tem uma energia própria e conserva a lembrança da pessoa que enviou por mais tempo.

Infelizmente, a correria, que também marca essa época do ano, repleta de monografias, fechamento de notas, encomendas e eventos, tem me impedido de mandar cartões. Sempre gostei de produzi-los manualmente, um a um, com uma mensagem especial para cada amigo, mas já faz alguns anos que não consigo enviá-los. Mesmo assim, ainda conservo muitos dos ritmos da época e me orgulho por isso.

Deixo aqui uma série que preparamos para a Turma 3 da Pós-Graduação Artes-Manuais para Educação, A casa no Advento, como parte da disciplina: Práticas e técnicas em artes-manuais para educação, estava comigo a docente Profa. Esp. Karla Santori.

Segue a lista de material:

PEDRA

- Papel (em quadrados como os para origami)

- Pedra

- Linha para crochê (Anne)

- Agulha de crochê (número de 1,5 ou 1,75 ou 2,0)

- Tesoura para fios

PLANTA

- Folhas com bastante água (são folhas mais gordinhas, mais suculentas)

- Linha para bordado em meada da Anchor Perle

- Agulha para costura que comporte a passagem da linha de bordado

- Tesoura

BICHO

- Quadrado em tricô com o ponto cordão de tricô em uma das cores: branca, cru, creme, marrom (sugestão tamanho 12 x 12)

- Agulha de tapeçaria (número 24)

- Enchimento (lã de carneiro, algodão)

- Tesoura

GENTE

- Malha de algodão cor de pele que desejar ou o que se aproximar

- 2 pedaços de arame fino ou qualquer outro material como por exemplo limpador de cachimbo (caso tenha, em torno de 10 cm cada um)

- Linha de algodão (Anne), ou cordonê ou qualquer fio resistente, próxima da cor da malha.

- Tesouras (tecido e costura)

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*Sobre Nina:

Nina Veiga é artemanualista, ativista delicada, doutora em educação, escritora e conferencista. Sua pesquisa habita o território da casa, suas artes e terapêuticas, na perspectiva da antroposofia da imanência, junto ao cuidado de si e do outro.

Conheça mais sobre a Nina: https://www.instagram.com/ninaveigajf/